quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O Mar & Lagos

Lagos terra do mar, sitio que desde tempos imemoriais desenvolveu-se a partir do mar com os olhos postos no horizonte .
Aqui se fixaram gentes de todas as origens e aqui floresceu uma economia centrada no mar e nos produtos do mar.
Desde a industria pesqueira á conserveira, passando pelo comercio marítimo e pelo turismo, Lagos, o seu porto, baía e praias foram testemunhas de todos os períodos de ouro da nossa comunidade.
Sendo que independentemente da época, da “moda” ou da vontade das suas gentes o sucesso de Lagos esteve sempre umbilicalmente ligado ao MAR.
Por muitas razões, estudos e opiniões sempre que pensamos em Lagos, pensamos no MAR, pensamos na sua costa doiro , nas suas águas límpidas no seu peixe fresco, nos areais brancos.
Assim , hoje, devemos olhar para o presente perspectivando o futuro sem esquecer o passado de modo a não errarmos e perdermos a oportunidade de cumprir Lagos.
O Mar hoje, abre novas oportunidades, desde a exploração energética, à exploração piscícola, á exploração turística subaquática, ás embarcações de recreio, á pesca desportiva e outras actividades, existe um mundo de oportunidades .
Mas para agarrar essas oportunidades é necessário visão, perseverança e capacidade de galvanizar todos num projecto comum. A par disto, devemos lutar contra as forças de bloqueio que de uma forma já esperada se mantêm crentes de que o modelo actual de desenvolvimento, embora falido está para continuar. A estas vozes sintomáticas do “fado português” a quem Camões definiu como velhos do Restelo, temos de dizer basta, hoje o mundo e o desenvolvimento da nossa cidade já não se compadece com as vãs esperanças da manutenção de modelos de desenvolvimento arcaicos de cariz “pseudo sociais de esquerda” que implicam a destruição generalizada dos pilares de qualquer sociedade democrática inserida no contexto global de um mundo em permanente mutação.
Assim cumprir Lagos é um imperativo de todos, que se pode alcançar por via da alteração do modelo actual de desenvolvimento, devendo o nosso futuro ser apoiado, entre outras, na maior riqueza que temos, o MAR.




terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Porquê?

Isto de falar da corrupção tem sido um "prato requentado" que de forma repetida nos têm vindo servir. Se pensarmos um pouco, poderemos chegar à conclusão que de facto poderá existir um plano para nos saturar de tal forma que só de ouvirmos falar dela já nem nos apeteça ouvir nem reflectir tanto sobre as causas e muito menos sobre as consequências, contudo, basta voltarmos a pensar um pouco para pelo menos tentar chegar a um ponto de equilíbrio. Senão vejamos, somos um país que embora periférico num contexto europeu encontramo-nos geográficamente no centro do mundo. Sim ! Basta ir buscar um daqueles globos antigos tipo candeeiro e encontrar o nosso lindo rectângulo, ficaremos maravilhados pela sua posição central no planeta, seremos obrigados a olhar para as grandes "auto-estradas" marítimas para perceber porque razão foram os nossos antepassados os "achadores" de "novos mundos". Mas depois inquirimos. Se assim é, onde está a nossa marinha mercante?; com tanto mar onde está a nossa frota pesqueira?;onde está a nossa indústria conserveira?; como estão os nossos portos? funcionam?; para quê tanta auto-estrada se os mesmos estão muito abaixo da sua capacidade?; com tantos recursos marítimos e uma costa de fazer inveja a muitos, onde estão os viveiros de marisco?; com esta riqueza em potência com que o mar nos banha, onde estão os grandes centros de investigação interligados com uma industria possante e inovadora?. Com tamanho desperdício até podía-mos ficar pela costa do nosso amado país, mas, já que começamos, vamos então rumo ao interior. Com uma variedade de microclimas e grande diferença de paisagem onde está a nossa auto-sustentabilidade a nível agrícola?; porque precisamos dos outros para nos alimentar?; porque não somos capazes de produzir em escala?; porque plantam eucaliptos, quando todos sabem as consequências apocalípticas que os mesmos provocam no ecosistema?; porque se desorganizou o território?; porque construímos a nossa malha urbana em círculos intermináveis, ao invés de forçar a requalificação da existente?; porque tendemos a menosprezar o turismo de qualidade cedendo às pressões do lobby da construção civil?; porque não se cuidou da legislação referente ao arrendamento para que todo um país não tivesse de se endividar para adquirir habitação própria?; porque forçamos os nossos jovens a se "qualificar" em áreas já saturadas pelo mercado de trabalho?; porque tendemos a empregar na máquina estatal ao invés de privilegiar a economia real?; porque tendemos a insistir no "instituto da cunha" em vez de enveredar pela meritocracia?; porque falamos de atingir a excelência quando transpiramos mediocridade?; porque é que fizemos aplicar sem qualquer hesitação normas comunitárias que destruiram artes e saberes ancestrais, quando outros países fizeram ouvidos mocos?; porque é que a justiça está desacreditada?; porque é que o enriquecimento sem causa está tão protegido?; porque esbanjamos recursos ao não instituir de uma vez por todas a unidose e a utilização imperativa de genéricos?. Pois é, as respostas a estas perguntas podem fazer-nos chegar a um ponto de "equilíbrio" no que à reflexão do actual estado do nosso país diz respeito. Mas o pior é que este "equilíbrio" é destabilizador. Já se tinha referenciado neste 8600 Lagos de que segundo um estudo do Banco Mundial, se Portugal melhorasse "moderadamente" os seus critérios de governança, os portugueses teriam um nível de vida equivalente ao da Filândia. No estudo, estes aumento de qualidade dos critérios da governança estão intimamente ligados à corrupção, ou falta dela. Entenda-se bem isto e assista-se ao espectáculo de degradação social a que iremos assistir, "Les Miserables" no seu mais profundo e agonizante sentido...

"Um fraco rei faz fraca a forte gente " Luís Vaz de Camões, in Os Lusíadas...