A "Mensagem"

Um dos maiores símbolos da literatura portuguesa é sem duvida Fernando Pessoa. A “Mensagem” é uma das suas obras-primas. Aqui por Lagos, aquando da inauguração da nova Praça do Infante, o município pegou num excerto da referida obra e colocou-a em letras metálicas cravadas na antiga muralha da cidade entretanto a descoberto.

Talvez, embora sem saber, tal acção poderá eventualmente despertar a quem por lá passa, a vontade de descobrir ou revisitar a obra de Fernando Pessoa, e assim pegando na “ideia” do município de Lagos, voltei a ler a "Mensagem" pela enésima vez, mas sempre com a avidez e o gosto natural, com que costumo reler Fernando Pessoa.

Assim, e talvez adequado aos tempos que correm hoje pela cidade de Lagos e pelo País em geral, deixava aqui o Poema Nevoeiro que integra a referida obra:

"Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,

Define com perfil e ser

Este fulgor baço da terra

Que é Portugal a entristecer

Brilho sem luz e sem arder,

como que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia Distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, Hoje és nevoeiro.....

É a Hora !
              Valete, Frates. "