segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Res Publica

Após 35 anos de democracia, que chegou em minha opinião tarde, mas sempre em boa hora, é importante entender a fase e o momento em que vivemos para podermos reflectir sobre o futuro e sobre as metodologias do exercício do poder democrático daqui para a frente.
O fenómeno da dispersão do eleitorado tem razões muito concretas e poderá residir na falta de entendimento sócio-económico que nos fez afastar da média europeia de forma sucessiva. O país,assente em serviços, falhou redondamente na era da globalização. Este arrebatador movimento planetário devia ter obrigado o nosso país e os seus dirigentes a fazerem uma profunda análise comparativa das nossas valências e das capacidades da nossa comunidade pois, para usufruirmos da globalização, apenas o investimento nacional e estrangeiro no nosso território poderia alavancar a nossa economia e, com ela, a nossa sociedade.

Este investimento deveria ter sido captado com critérios assentes na formação efectiva dos nossos activos humanos e na capacidade que eles por sí poderiam ter dado ao país numa óptica de actividade empresarial privada.

Ao invés, a coberto da "Fortaleza Europa", entramos numa fase quase que infantil em que, por artes de mágica, todo este sistema fabuloso da subsidiação iria durar para sempre.Em consequência, estamos agora com um endividamento generalizado e com poucas perspectivas de mudarmos, a médio prazo, a nossa realidade. No entanto, só nos resta trabalhar e empreender contra todas as adversidades, lutar e exigir que os nossos políticos sejam responsáveis no uso dos escassos recursos de que dispomos.A retoma e reabilitação económico-sociais devem alicerçar-se no princípio do "personalismo"; de que são os indivíduos através do fruto do seu trabalho que fazem avançar a sociedade em seu redor; de que as instituições públicas devem ser responsáveis pelo bem comum, maximizando os recursos e tendo como ferramenta essencial a transparência. Acima de tudo, com solidariedade, teremos de criar riqueza efectiva antes de a podermos redistribuir.

4 comentários:

  1. «8600 Lagos» isso não são muitos lagos? Lembro-me de alguém que usou o slogan "MAIS LAGOS!"... naufragou.

    ;p

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  2. Senhor Soares, companheiros de blog,

    Aceito, o personalismo de que não devemos esperar dos outros o que nos cabe fazer a nós. Mas..., acredite, o problema é que a riqueza realmente criada por todos - cada um segundo as suas possibilidades e capacidades - vem sendo apropriada por muito poucos (vejam as estatísticas nacionais e mundiais). Mais, esta tendência acentua-se. E pior, mais de 30% da riqueza financeira distribuída e acumulada pelos grandes especuladores não tem qualquer correspondência com a economia real, que produz e cria emprego. Ou seja, não só não se produz e distribui a riqueza, como ainda se tira o que não há e o de quem mais precisa. Todavia, quando os ajustamentos se fazem e as crises surgem, são as pessoas comuns quem mais paga e o dinheiro dos impostos é que tem de resolver o problema da estabilização financeira gerado por esta economia de casino. Não se está a ser assim, defendendo-se com esse raciocínio, limites para a massa salarial a distribuir aos trabalhadores com a mesma ligeireza que se diz que não se podem limitar nem taxar os rendimentos astronómicos dos gestores e empresários com o argumento de que não se cria riqueza ou de que eles fogem? Que raio de personalismo é este que não percebe que existe fidelidade a uma comunidade ou a um país, e que, na empresa moderna são as relações de solidariedade e de cooperação entre todos (trabalhadores, quadros e gestores) que geram a riqueza, que são os recursos intangíveis, como a qualificação das pessoas, que permitem subir na cadeia de valor e enfrentar a concorrência da globalização?

    A riqueza, em regra, depois das reservas de investimento, deve ser distribuída quando é criada. Maioritariamente sob a forma de salários adequados à qualificação das pessoas e pela mais-valia criada, o que implica maior intervenção dos trabalhadores na vida da empresa. O lucro só se justifica pelo risco envolvido e porque as empresas cumprem uma função social relevante. A ética empresarial também deve respeitar a máxima radical e irredutível que coloca: "As Pessoas em primeiro lugar!" Será esse o personalismo que proclama?

    Abraços

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